Terça-feira, 8 de Novembro de 2005

LER NAS ENTRELINHAS. França em Novembro.

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Vale a pena (mesmo que o esforço seja efectivo), debruçarmo-nos sobra a «nossa» imprensa e estarmos atentos aos jornalistas e comentadores para perceber que nada percebem sobre o que se passa em França e países limítrofes. Por enquanto, limítrofes... é confrangedor a sua hesitação entre a raiva que destilam perante um protesto já adivinhado e avisado dos jovens suburbanos e a tentiva mais que falhada de tentar «analisar» o «fenómeno». A miséria da crítica no seu máximo esplendor a quem deixamos por aqui alguns extractos.

Skamiaken

As novas gerações, filhas desses mesmos emigrantes, vivem em condições melhores que os seus pais ou avós, beberam os grandes valores da França, mas não gostam dos bairros periféricos onde moram, estão desempregados e, através da comunicação social, comparam muito facilmente a sua precária situação com a dos que têm razoáveis casas ou apartamentos no centro ou perto de Paris, acesso a todo o tipo de bens de consumo, uma ou duas viaturas, férias no estrangeiro com regularidade - e odeiam sentir que nunca aí chegarão.
Nicolau Santos, Expresso, 7/11

Recorrendo a esta disposição (Lei do Recolher Obrigatório de 1955), o município de Amiens, no Norte do país, decretou já hoje a proibição de menores de 16 anos permanecerem, sozinhos, na rua após as 23h00.
Público, 8/11

O PM não pode, indefinidamente, pensar que acalma a situação com conversas com a Igreja, líderes religiosos e representantes desses bairros: eles, na verdade, não representam coisa nenhuma, nem parece que esta onda de violência esteja organizada, tenha um comando e obedeça a ordens. O Governo tem poucos dias, muito poucos, para controlar a situação. Uma semana, se tanto.
Luís Delgado, 6/11

Esta gente, remetida para guetos donde só saem para trabalhar, espera na ansiedade, na raiva e no desespero. Paris não é Londres nem Nova Iorque, que acolheram sociedades multirraciais sem fracturas nem degradações tão humilhantes como as que atingem os imigrantes em França. Paris não é, sequer, Berlim. É uma capital de luxo e bem-estar, cercada de arame farpado e favela melhorada
Clara Ferreira Alves, 3/11

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O que espera Chirac e o Governo? Têm medo das imagens pouco simpáticas que percorrerão o mundo? É certo que não é muito agradável ver unidades militares a patrulhar as ruas do seu próprio país, mas se a polícia não consegue conter, nem tem os meios para isso, os motins e a destruição arrasadora que avança imparável, mais vale agir, em tempo útil, como aliás já pedem os franceses, antes que o controlo da situação passe para "milícias" extremistas ou grupos enfurecidos de cidadãos. Não é impunemente que se vandalizam propriedades e automóveis todos os dias...
Luís Delgado, 7/11

O discurso "étnico", que se centra no passado, tem impedido o futuro. E não só o das minorias "classificadas". O nosso, também. O futuro europeu.
Joana Amaral Dias, 7/11

O barómetro mensal do Yahoo, do diário Libération e do canal televisivo de notícias iTélé, realizado a 04 e 05 de Novembro, conclui também que para 59 por cento dos franceses a luta contra a insegurança vai no "mau sentido" e para 58 por cento o mesmo acontece com a luta contra o desemprego.
JN 7/11
Londres recomenda aos britânicos que estejam "extremamente vigilantes" na região parisiense e que "evitem todo o tipo de manifestações".

Madrid aconselha evitar "certos bairros da periferia norte da cidade".

Berlim pede "uma prudência particular nas deslocações nos aglomerados populacionais franceses".

Dos jornais, 8/11
publicado por António Luís Catarino às 23:33

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