Segunda-feira, 30 de Maio de 2005
«Nos vies valent plus que leurs profits!»: a lição francesa para o NON! de 29 de Maio.
Estiveram em Lisboa no dia 28. Senti-os nos Joy Division e em Ian Curtis. "Transmission", "She's lost control", "Love will tear us appart", "Atmosphere". Não é costume mas aqui vai um extracto de um artigo de Cláudia Luís: «A actuação dos britânicos assumiu especial deslumbre na segunda parte do concerto, num crescendo incontrolável de emoções que atingiria o seu êxtase já no 'encore', com a já referida "Atmosphere" - arrepio generalizado a serpentear uma multidão de cerca de 26 mil; na noite de abertura o festival registou 30 mil - e, claro, "Blue monday". Antes disso, Bernard Sumner fez referências ao seu Manchester United, Peter Hook - mais obeso e cabeludo - ziguezagueou pelo palco com o seu belíssimo baixo, e não faltaram alusões a triângulos e tentações amorosas ("Bizarre love triangle", "Temptation") ou uma fé genuína ("True faith"). Já agora, quantos músicos conseguem dedicar aquele tema, "Love will tear us appart", àquele fã destacado da multidão e afastar dúvidas sobre o conceito fácil de 'showbizz'? Hook. O momento não foi barroco, antes emocionante. Para todos. Músicos incluídos.»
Sexta-feira, 27 de Maio de 2005
Vale a pena ler Joshua Slocum comandante de veleiros e amigo de Jack London. Nascido a 1848, na Nova Escócia, morreu em 1909 em pleno mar-alto, sem que se saiba como e sem que se tenha recuperado o corpo. Vida cheia, nunca se adaptou à terra-mãe e à agricultura como a cultura quacker do seu pai exigia. A leitura da viagem que fez à volta do mundo vale como uma grande obra literária que só os mais puristas recusam reconhecer. Leia-se a parte em que ele chega aos Açores, vendo a Ilha do Pico e o Faial, e percebe-se a enorme simpatia pela gentes ao mesmo tempo que destila a sua antipatia pela burocracia portuguesa que lhe iam dando cabo do seu belíssimo Spray, ao exigir que fosse um comandante sem experiência a manobrar o veleiro para o acostar. A troco de uns míseros tostões de taxa portuária. Vale a pena ler. Está editado pela Europa-América.
Uma história ainda por contar. Entre 1936 até ao final da II Guerra, contam-se as etapas da fuga de galegos para lugares de acolhimento, se se pode chamar isso a Portugal de Salazar e a Marrocos. Em fuga ao franquismo que os reprimiu brutalmente (há quem defenda que na Galiza não existiu Guerra Civil, mas antes os tristemente célebres «passeos») e, mais tarde, a uma guerra que se eternizava mundialmente e onde a tirania parecia ganhar espaço. São nestes «pequenos» exílios que também se conhece, em toda a sua dimensão, a barbárie.
Quarta-feira, 25 de Maio de 2005
«Pessoas como Nós» de Margarida Rebelo Pinto. Um capítulo promocional distribuído à saída da Fnac. Pega-se nele com muito cuidado. Folheia-se e encontra-se «...um casal desfuncional» (sic). Vai-se ao Google e pesquisa-se «desfuncional»: o G. responde que o que eu quereria, talvez, dizer era «disfuncional». Clico na pesquisa. A deriva das palavras dá-me a imagem de disfuncional. Mostro-a no post. Um jogo consistente.
Sentamo-nos na parte Este do parque e olhamos de frente o sol, diante do lago. A deriva serve-se não muito quente ou muito fria. Andamos ao som da água até ao Sul, via Foz e Castelo do Queijo. Um café na esplanada e lemos um jornal de preferência daqueles que não se pagam na edição on-line. Voltamos ao Leste e trocamos as voltas à deriva.
Sexta-feira, 20 de Maio de 2005
Ultrapassar todas as barreiras até ao Desconhecido. A utopia que, logo ao alcance de nós, se torna emergente numa outra - até ao espaço. Há gente que não consegue. Não tem estômago. Aqui, sim, é para tentar sempre.
Um dos primeiros estudos do comité psicogeográfico de Paris. Creio ser a marcação das viagens de um jovem trabalhador em Paris, durante 12 meses, nos anos 60. Palavra-chave: tédio.
Tenho para mim que, hoje, qualquer situação levemente parecida com esta seria reprimida duramente. Como em 68 não chegou a ser, possivelmente porque não estavam preparados para o que estavam a ver. Hoje, não - o Estado espera tudo de nós. Mesmo os jogos de prazer.
Sexta-feira, 6 de Maio de 2005
O rosto possível de um guerreiro índio que deu nome a este blogue. Foi morto, também ele, pelos americanos. A biografia está disponível em italiano. Efeitos da globalização.
Il padre dì Kamiaken era un Nez-Percé di nome Yayayahela e sua madre Kaemoxnith la figlia del capo Yakima, Weowicht. Qualche anno dopo la madre fece ritorno con il ragazzo nella terra della sua tribù. Qui Kamiaken, ancora giovane, poteva contare già su un considerevole numero di cavalli, una vera ricchezza. Imparò a sfruttare gli incontri con i bianchi a proprio vantaggio, per esempio imparando ad allevare bovini, impiantare un giardino e a coltivare con cura. Come Seattle, anche Kamiaken aveva un atteggiamento amichevole con i bianchi e conversava volentieri con i missionari. Fu purtroppo il comportamento degli Americani, in particolari dei coloni e dei cercatori d'oro, che si atteggiavano a padroni del paese, a trasformare i sentimenti d'amicizia di Kamiaken - nel frattempo divenuto capo degli Yakima - in ostilità. Come primo atto, respinse nettamente la richiesta del governatore Stevens di vendergli la terra degli Yakima. La maggior parte dei capi delle tribù coinvolte dal progetto del governatore, condivise l'opinione di Kamiaken che, sempre più, era considerato la grande guida spirituale delle tribù del territorio di Washington e dell'Oregon. Durante le trattative di Walla Walla vi furono scontri anche violenti. Molti anni dopo Weninock, figlio di un altro capo Yakima, ricordava questa che era stata la più grande riunione degli Indiani del Nord-Ovest.