Li, hoje, no DN, que os jornais desceram de audiência, inclusive nos diários não pagos. É evidente que a «crise» é mais profunda do que se pensa e poderá ter a ver com o descrédito e incompetência das redacções. Mais de 80% das notícias que saem nos jornais têm todas uma origem comum: as agências noticiosas, ou seja, a Lusa. Isso bastaria para colocar os chefes de redacção a pensar. Mas não, não pensam. Ou têm ordens para não pensar. E nas televisões e rádios a mesmíssima coisa com a agravante de não os conseguirmos «fechar». Existem nos táxis, nos cafés, na barbearia, na escola, nos hospitais. Não há direito ao silêncio? Não se pode referendá-lo? Ao silêncio?
Já não sei bem quando foi. Li no último DN na coluna habitual de Ruben de Carvalho uma estranha opinião, porque não muito frequente. Mas se não me esqueci dela é porque mereceu não ser esquecida - a opinião.
Em poucas palavras Ruben de Carvalho indignava-se porque as pessoas (que não a chamada opinião pública) não protestavam contra os voos da CIA em território português. Neste caso (e sublinho, neste caso) os media até nem silenciaram o facto. Então o silêncio, porquê? Repugna mais os portugueses estarem «terroristas», que até podiam ser inocentes até prova em contrário, sequestrados e torturados em aviões ali para o Sá Carneiro ou os torturadores da CIA que descansaram do terrível «trabalho» realizado ali para os lados dos hóteis da Praça da Galiza enquanto os aviões reabasteciam em trânsito para os EUA ou para Guantánamo?
Temo pela resposta. Bem se pode indignar (e bem!) Ruben de Carvalho. Nada que uma horas de TV e futebol não faça engolir um terrível mal-estar em qualquer lar portuga...
Imaginemos a crítica
encríptica que
embora avance indelével
na literária corda
de sapatilha escorrega
Imaginemos um glossário aposto
na galega literatura
em página rodapé falando
de um leitor com joelho no pescoço
que rodava em pombo olhar
a tradução reposta em
bolas de ténis no ar
no master expresso
um pescoço partido de tanto
venâncio glossariar não
vá criticar encripticamente
sem ser ou ler original
Não nos iludemos sobre as declarações de Ratzinger na Universidade de Ratisbona. Nem façamos como Henrique Fialho que, no seu blog Insónia, coloca a questão da estupidez do papa. Será o papa estúpido? É evidente que não. Dá-me uma pequena ideia que estamos perante uma provocação deliberada ao islamismo, se não como interpretar também a frase do Vaticano que, a partir da contestação árabe às palavras de Ratzinger, poderá adiar a viagem a Constantinopla (reparem: disse Constantinopla, não Istambul)?
Estive a ler, com alguma atenção e num domingo de manhã, as tais palavras «incendiárias» do papa. E também o pedido de desculpas, aliás, lamentos, do Vaticano e do papa perante a situação criada pelo discurso que, segundo a terminologia oficial, não punha em causa o islamismo, nem Maomé.
Pois bem, não punha em causa uma ova! Ou somos todos estúpidos, mas pôr na boca de imperador do século XIV as perguntas que gostaríamos de fazer hoje a um muçulmano é o quê? «Dizei-me o que Maomé trouxe de novo, quando prega a fé pela espada e pelo fogo?» para dar um exemplo universal da recusa da guerra? Raio de exemplo, quando poderia ter à mão o ataque dos cruzados a Constantinopla, essa sim, arrasada pela irracionalidade da fé. Nunca o islamismo deu intelectuais que se baseassem na Razão? Então quem foi Averrois?... Dá-me a ideia que estão a brincar connosco...
Chegou a época dos consensos políticos. Há quem lhe chame isso, há quem diga que é uma forma, muito pouco maquiavélica, diga-se, mas não poderemos exigir muitas leituras à nossa classe política e muito menos a leitura de Maquiavel, de cultivar o amiguismo e a colaboração entre a classe política dirigente do PS e do PSD.
Assim, não é de estranhar que o primeiro consenso, exigido por Cavaco, seja o da Justiça. Ou melhor o da Reforma da Justiça onde os juízes serão nomeados e os advogados podem vir, também, a ser nomeados de juízes. Entendemos a mensagem... entre outras coisas os escândalos de todo o tipo, e em especial os de carácter financeiro, que povoam a classe são copiosamente escondidos e tratados em tribunais especiais... e de classe. Assim vai o regime.
Agora vem aí um consenso patrocinado pelo PR, claro está, da segurança social. Quase que me antecedo a dizer que este «acordo de regime» passará pela consituição de grupos privados. Mas devo ser eu que não estou a ver a coisa bem.
Chamem-lhe consenso. Pois!
Estive a ver ontem, decididamente por masoquismo, os Prós e Contras na RTP1 sobre o Caso Mateus. Com mais propriedade digo hoje que aquele espectáculo é o da chamada classe média portuguesa.
Não me admira já a arruaceirice de uma tal major e de um doutor da FPF. Mas já me causa alguns engulhos a subserviência de um secretário de estado e a alegre convivência de advogados e jornalistas que gostam de manter as distâncias perante a «gente do futebol».
É tudo igual. A classe média é isto: é a crítica à casa do imigrante de Trás-os-Montes pelo mesmo arquitecto que lhe dá a licença. Percebem? Digo melhor. A Fátima Campos Ferreira, no fim do tal programa, arrependeu-se da sua espectacular (no sentido mediático) agressividade «-Eu cá não sou dos que tenho medo dele! Comigo não faz farinha!», terá pensado. Por isso, brindou-lhe, já meiga, um « - Olhe que tenho por si as maiores das estimas pessoais!». O senhor major não se ficou: «-Querem ver que temos almoço! É que quanto mais mais me bates mais gosto de ti!». Estão a ver o que é a classe média?
Depois de 25 minutos, na referencial Sic Notícias, a ouvir futebol alinhado logo desde início, sobre a suspensão de 3 jogos da Liga de futebol, pergunto eu por que razão estes indivíduos não são despedidos por incompetência. Organizar um calendário de futebol é difícil, mesmo com uma queixa e uma providência cautelar? Não há quem os despeça?
Provavelmente, digo eu, porque estão lá todos. A classe média não depede a classe média. A Liga é, ela própria, a classe média. A imagem deste país. Afinal o que eu vi na Sic não foi um alinhamento de temas futebolísticos. Foi a passagem de modelos da classe média portuga.
Hoje, Helena Matos, na sua coluna de O Público, compara o rapto de uma criança de 8 anos que foi encarcerada pelo seu raptor durante 10 anos e sujeita a torturas várias, na Aústria, com o que faz a ETA no País Basco. Tem esta gente frieza suficiente para escrever as enormidades que quer e que lhe muito bem apetece, sem que ninguém, lá na vetusta redacção, lhe diga que não tem sentido nada do que disse. Pelo respeito que merece a todos nóa a agora jovem de 18 anos que tem todo um mundo para reaprender e que gostaria de saber porque lhe aconteceu aquilo, como pelos encarcerados vivos em sistemas prisionais de toda a espécie e de todas as matizes.
Mas não há meio, são incompreensões que só Freud e sos seus seguidores explicarão... se conseguirem.
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